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Entrevista com Antônio Neves Baptista, presidente da empresa de Turismo de Pernambuco – EMPETUR

Observatório de Turismo do Recife · Entrevista Antônio Neves Baptista – Presidente Empetur

 

 
Manuella Oliveira: Hoje no Observatório Turismo do Recife vamos entrevistar Antônio Neves Baptista que é pós-graduado em direito público e direito eleitoral, atuou como assessor jurídico no Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco, foi chefe de gabinete na Assembleia Legislativa de Pernambuco e Diretor de operações de da empresa pernambucana de transportes municipais.
Antônio, você assumiu esse grande desafio da Empetur, no ano de 2020, um ano pandêmico e eu gostaria que você contasse um pouco desse seu dia a dia de trabalho, como é que foi assumir um ano tão desafiador como foi em 2020 até atualmente.

 

Antônio Neves Baptista: Antes da gente assumir aqui, a Empetur eu estava na Secretaria Executiva de Turismo aqui do governo do Estado. Então, a gente já tinha um entrosamento muito bom com com a própria Empetur, e a gente foi desenvolvendo esse trabalho e durante a pandemia a gente assumiu. Eu acho que foi um desafio enorme, a gente conseguir assumir a maior empresa de turismo do Estado, uma das maiores do Brasil, no período mais complicado da história do turismo onde todos sentiram bastante independentemente da sua cadeia específica do turismo. Mas a gente teve todo apoio aqui do então secretário Rodrigo Novaes, do governador Paulo Câmara e o trade de Pernambuco, eu não tenho dúvidas de afirmar que é o melhor trade do Brasil. Eles já eram organizados, conseguiram se organizar ainda melhor, usamos muita inteligência para sobreviver a todo esse momento e hoje o resultado é esse, Pernambuco constantemente nos índices do IBGE sobre retomada do turismo, todos os números ele é o segundo melhor do Brasil, bem acima da média nacional. Nosso aeroporto mostra números superiores ao da pré-pandemia ainda em dois mil e dezenove. Então essa conjunção de esforços entre poder público e iniciativa privada estão fazendo com que o turismo tenha esse crescimento gradual bem melhor do que a média nacional.

 

Manuella Oliveira: E dentro dessas atividades que você faz no seu dia a dia, qual que você considera mais relevante, quais atividades que tem maior destaque?

 

Antônio Neves Baptista: O desafio aqui dentro da é muito grande, além da gestão do turismo que já é bastante complexa e tem um fator social e econômico enorme aqui ainda tem a gestão de equipamentos, a gente é gestão de equipamentos do Centro de Convenções de Pernambuco, do Cais do Sertão e da Arena do Pernambuco, no estado de Copa do Mundo. Então é muito desafiador, são muitos problemas, a gente tem que usar a inteligência emocional, têm que utilizar um planejamento muito grande, isso toma muito tempo, mas o desafio do turismo também é enorme. A gente como eu falei anteriormente, a gente tem uma conjunção, uma sinergia muito boa com o trade aqui de Pernambuco, especialmente o trade de Recife, especialmente o trade de Porto de Galinhas, onde a gente tenta, é… não fazer as ações de forma, é… do dia pra noite, sem nenhum planejamento, sempre conversando, dialogando buscando uma estratégia para quem vem dos hoteleiros, pessoal dos receptivos, o pessoal que faz os eventos, enfim, toda a cadeia produtiva turismo esteja dialogando com a gente, pra que a gente faça ações voltada a atrair o turista de acordo com o resultado que eles possam obter. A gente só acredita que o resultado venha se o setor privado conseguir realizar sua venda, conseguir gerar um negócio. Esse sim é o grande fator do turismo.

 

Manuella Oliveira: E dentro dessa amplitude de atividades que… dessa demanda o que você mais gosta de fazer, tem algo que você…

 

Antônio Neves Baptista: É, a gente sente um sentimento diferente, eu acho que nos grandes ciclos, né? Eu acho que o carnaval, São João, são grandes apoteoses, a gente tem gente do Brasil inteiro e do mundo inteiro, principalmente no carnaval vem estrangeiro da Europa, da América do Sul toda, é… vivem sentimentos diferentes, eu acho que a gente tem apoteose da cultura pernambucana, a gente tem aqui o nosso “Bora Pernambucar” que é um sentimento de exaltação a tudo que Pernambuco é, a gente brinca que Pernambuco é um país, Pernambuco é uma nação e esses momentos culturais refletem muito bem esse sentimento de pernambucanidade que todo pernambucano tem e quer mostrar.

 

Manuella Oliveira: Antônio, puxando um pouco pra nossa cidade do Recife, como é que você enxerga o turismo do Recife dentro do Estado de Pernambuco?

 

Antônio Neves Baptista: A gente há alguns anos costumava muito a dizer que o turismo dentro do Recife era muito corporativo, que ainda é, ainda têm sua força. Mas nos últimos anos a gestão vem sendo feita principalmente por Cacau de Paula, antes por Ana Paula também começou a dar um novo sentimento ao turismo no Recife. A gente fala com os hoteleiros, eles já notaram que no café da manhã “trocaram calça pela bermuda”. Então isso é um sentimento bom, é um feeling que a gente está tendo de que o turismo de lazer está vindo pra ficar. A gente nota o perfil do turista também mudando muito. A pandemia também ajudou muito a isso. Se a gente não pode nem falar que ajudou, mas transformou seria a melhor palavra pra gente usar, que com os eventos muitas vezes suspensos, o turismo de lazer se tornou uma alternativa, e agora com o turismo é…de negócios voltando, as feiras estão acontecendo, o centro de convenções aqui de Pernambuco, o pavilhão está lotado o ano inteiro, e a gente está conseguindo fazer bem esse mix que está dando equilíbrio com o turismo de negócio e o turismo de lazer, com essas ações voltadas, mostrando que Pernambuco, que Recife, especialmente, tem muita cultura, tem muita opção de lazer e que as pessoas podem vir aqui pra conhecer e ficar também em Recife.

 

Manuella Oliveira: Ótimo! Dentro dessa ideia da própria gestão do turismo, do desenvolvimento do turismo do Estado, na cidade do Recife. A pesquisa, acredito que acaba sendo um grande aliado neste sentido. E a Empetur é uma das grandes instituições que promovem esse tipo de pesquisa dentro do Estado, dentro da cidade do Recife. Eu gostaria que o senhor falasse um pouco sobre essa importância do desenvolvimento de pesquisa na Empetur.

 

Antônio Neves Baptista: A pesquisa eu acho que é o segundo passo, da gente ver o resultado. Nosso primeiro passo é o planejamento com iniciativa privada com todo o trade, e essa pesquisa mostra se o nosso planejamento deu certo ou não. É… a gente tem o setor de pesquisa aqui, comandado por Hamilton, nosso professor, nosso amigo, vem há muitos anos já a frente desse setor. E a gente consegue enxergar o perfil de quem veio aqui. se voltando, se está vindo pela primeira vez, o poder aquisitivo. Eu acho que é essencial. A gente planeja e só pode saber se o resultado deu certo com ela. Eu acho que o grande desafio das pesquisas agora é a gente sair ou conseguir fazer um mix da pesquisa física, no corpo a corpo que a gente faz no aeroporto, que a gente faz nos grandes eventos e a gente começar a usar aí uma inteligência. É…vamos dizer eletrônica, a gente conseguir saber se esse perfil, procurando nos grandes sites de quem tá buscando passagem, que tá perguntando por Recife, quem tá perguntando por Pernambuco. A gente conseguiu utilizar essa inteligência artificial para que nossas ações de mídia, nossas ações de comunicação, nossas ações de marketing consigam atrair quem está pesquisando o Recife, quem está vindo pra Recife. É um passo ainda um pouco distante, a tecnologia existe, mas ela é muito cara é… Mas isso é um futuro. Isso vai ter que acontecer aqui. A gente continuar fazendo pesquisa física e conseguir investir mais nessa pesquisa eletrônica.

 

Manuella Oliveira: Você falou anteriormente sobre o projeto Bora Pernambucar. Né? Eu queria que você explicasse um pouco mais da amplitude do projeto e da importância dele pro Estado e pra própria cidade do Recife também.

 

Antônio Neves Baptista: O “Bora Pernambucar” partiu desse sentimento, né? Que todo pernambucano tem de que a gente tudo é o maior, tudo é o melhor, é a pernambucanidade que a gente é uma nação, mas acima de tudo é de você ter orgulho da sua terra. Muitas vezes é quem trabalha com turismo, quem fazia gestão e turismo achava que turismo só podia acontecer em grandes centros: Noronha, Recife, Olinda, eh, litoral norte e litoral sul, e o resto do estado muitas vezes era esquecido. E a gente está mostrando que cada local do estado tem essa potencialidade. A gente não imagina que toda cidade vai virar um destino internacional nem que vai haver um grande fluxo de turismo. Mas muitas vezes só a gente colocando a luz, só a gente colocando o holofote, só a gente chamando a atenção, cria-se um fluxo regional, cria-se um restaurante, cria-se uma pousada, cria-se um roteiro e isso aí está dando alternativa de vida pra várias pessoas, que muitas vezes não viam sua região que buscava alternativa de sair da sua região, de vim pra uma capital numa vida de dificuldade ou muitas vezes a gente viver numa monocultura, da agricultura e hoje elas pensam que realmente o turismo pode transformar suas vidas. Então o “Bora Pernambucar” faz com que todos os municípios, todas as regiões consigam despertar esse interesse pro turismo, a valorização da sua terra e principalmente que essas pessoas consigam ter esse sentimento de pertencimento a sua região mostrando que todas elas tenham que mostrar sim.

 

Manuella Oliveira: E dentro de tudo que você falou, pra gente finalizar, gostaria que você contasse algumas situação inusitada que aconteceu com você, na sua gestão, se teve algo muito engraçado, algum problema…

 

Antônio Neves Baptista: Não, sempre tem aqui, o turismo ele é muito vivo, ele é muito constante, né? Então principalmente situações de feiras ou de a gente planeja, a gente trabalha, tá tudo certo e de última hora na véspera tem um vazamento do ar condicionado que cai uma cachoeira aqui dentro do convenções e a gente se desespera, passa a noite trabalhando, chama as equipe, ninguém dorme pra que dê tudo certo, mas é o que eu disse, esse mix de atividade fim com a gestão dos equipamentos e faz com que a atividade da gente seja bastante intensa, que a gente faz o pré ou durante o pós é o envolvimento é muito grande nas viagens também, é… a gente tenta fazer um planejamento, mas chega lá é chamado de uma hora pra uma reunião de última hora pra outro evento e conhece algum operador que a gente não conhecia e vai, é conhecer essa empresa está num destino novo e ele quer mostrar um atrativo que recém inaugurou que a gente não sabia que tinha e traz essas ideias aqui pra Pernambuco. Então é, é, é… constante ele, ele é mutante e você precisa estar muito ativo muito envolvido pra conseguir dar esse resultado.

 

Manuella Oliveira: Maravilha. Antônio, eu gostaria de agradecer, de receber o Observatório aqui na e até a próxima.

 

Antônio Neves Baptista: Eu que agradeço sempre à disposição.

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